Repensando o convívio com a arte

“Eu amo a Arte que quebra os vidros da impotência e derruba os muros do medo ou que se desilude com seus próprios limites”. (Bené Fonteles)

Obra “Meninos e o Cavalo” – Grupo Matizes Dumont

Vou confessar uma coisa pra vocês. Ao sentar-me para escrever agora, entendi que falar sobre arte também é um tipo de arte. Buscar as palavras que possam expressar o que, em geral, costumo dizer por meio dos bordados. Contudo, em termos de arte, seja ela qual for, o melhor mesmo é criar e depois compartilhar.

Definição de arte nunca foi consenso na história da humanidade…só se sabe que a arte mexe com a gente, mas como somos seres originais e únicos, as respostas aos estímulos artísticos sempre serão diferentes. Portanto, classificar se uma obra é arte ou não é o foco errado, pois isso é super relativo. Na verdade, o que importa é qual nossa experiência pessoal com a arte e o significado que damos a ela.

Lembremos nossos ancestrais das cavernas, que pintavam nas rochas o que viam e viviam. Assim a humanidade vem registrando tudo que sente e vê em pinturas, esculturas, fotografia e também, claro, em bordados. Então, por meio da arte nós damos voz ao contador de histórias que vive dentro de nós.

Detalhe da Obra “Seres do São Francisco” – Grupo Matizes Dumont

Caçadores de beleza: arte em toda parte

É esse o caminho que o Matizes Dumont escolheu, fazer da arte de bordar uma linguagem. Quando optamos por um vermelho ou laranja, é porque queremos acentuar uma ação ou uma intensa emoção. Se é uma linha de textura fina, sedosa, queremos ressaltar um sentimento mais refinado, talvez melancólico, romântico ou ingênuo.

É comum pensar que precisamos ir a museus, centros culturais ou a locais específicos para termos contato com arte. Nada disso. A arte faz parte de nossa vida e está disponível em qualquer lugar ou situação. Está nos filmes que vemos, nas músicas que ouvimos, no muro grafitado (e não pichado!), na toalha bordada. Nossas escolhas é que vão definir a qualidade da arte que integramos em nossa vida.

Obra “Menina do cata-vento” – Grupo Matizes Dumont

Que obras de arte têm chegado em nossas casas? O que temos oferecido a nós mesmos e aos familiares? Quais os benefícios de conviver com a arte? Incluir arte em nosso cotidiano significa conviver com sensibilidade, beleza e harmonia. Seja em casa, no trabalho, ou em qualquer lugar que frequentemos, se nele existe arte, uma atmosfera mais sutil abraça aquele ambiente, trazendo um bem-estar que até mesmo os cientistas reconhecem.

Vejam só, em 2009, foi realizado em Lima, Peru, o 1º. Fórum Internacional de Arte – Ponte para Saúde e Desenvolvimento. Participantes de vários países assinaram uma declaração afirmando que “a arte é uma necessidade e um direito humano que garante o acesso aos bens simbólicos e à produção universal de sentido com identidade; que esclarece e ilumina nossas experiências coletivas, passadas, presentes e futuras; que a arte potencializa, provoca e gera relações mais democráticas e igualitárias, e é considerada fim e meio na produção de subjetividade”.

Trazer mais arte para nosso convívio é, portanto, tudo isso: esclarecer, alumiar, potencializar, provocar e gerar. É a força da arte. Como diz o amigo e artista Bené Fonteles, “nós merecemos uma Arte que nos inspire a um projeto mais humano e pacífico em nossa passagem de aprendizes da Terra”.

Que possamos, na privacidade de nossos lares, levantar os olhos e deparar com um belo quadro para deletar a nuvem escura que emana de notícias tóxicas. Que saibamos escolher arte de qualidade, não apenas por ser um direito humano, mas por estarmos conscientes de estar fazendo nossa parte na construção de um mundo mais bonito. Em todos os sentidos! Até breve com arte em toda parte!

E a beleza vencerá!

 

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