Por que não brincar de bordar o efêmero?
O efêmero nos ensina a leveza de estar no mundo, a beleza do instante que não se prende ao tempo.
Brincar de bordar o efêmero é considerar que nem tudo precisa ser fixo, duradouro, que há magia no transitório.
Olha pra os ipês: florada intensa. Flor que desabrocha e se despede com o ventinho fácil do momento e que vem e vai.
O efêmero nos convida a viver com mais presença, mais intensidade o aqui e agora.
Quando a gente brinca com o efêmero, permitimos que o inesperado e o imprevisível entrem em nossa vida.
É um exercício de desapego, de renovação constante, de entender que o que passa também deixa marcas, mesmo que invisíveis.
No bordado, ao desmanchar e refazer, também brincamos com o tempo, criando e recriando a partir da impermanência. O efêmero nos faz lembrar que a vida, como o bordado, é feita de momentos que podem ser refeitos, transformados e apreciados em sua essência.
E se somos afetados pela Arte, o bordado como uma das linguagens da Arte nos afeta de corpo todo mobiliza todos os sentidos:
A linha tem cor, cheiro de coisa nova ou de coisa guardada amorosamente, tem textura que faz barulhinho no tecido onde trama emoções, lembranças.
A cor tem gosto de flor, de capim cidreira, como o sorvete de geleia de tangerina e flores de ipê amarelo, invenção aqui de Brasília mesmo.
Assim de corpo todo eu bordo e me bordo, desmancho, rebordo. Esse pode ser o caminho das transformações, da superação.
A Arte é amiga íntima do olhar, dos sentidos e da sensibilidade, é diálogo entre você, linhas e pespontos, agulhas correndo solta pelo campo aberto do tecido. Movimento que dá a você o direito ao avesso, ao improviso e à liberdade.
E depois muita gente me pergunta se o bordado é terapêutico! A resposta é sim! Bordado livre é conquista, reconquista, é resistência, é Promoção da Saúde.
Brasília, 08/10/2024
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