Ah…bordar árvores e (A)bordar caminhos internos: nossas raízes.
Essa compreensão vem da nossa história, que foi enredada e urdida com as cores e formas tortas das árvores do cerrado, por onde a vida anda em alegrias do broto da pontinha da árvore ou na água que surpreende e nasce escondidinha entre raízes.
Bem ali no Norte de Minas, no meio “do Gerais” começamos a entender o bordado que a Mãe Natureza oferece com suas transparências, formas agressivas em pura suavidade da sombra brincando de ser luz.
Árvores e águas surgiam com força nas nossas “vidas geraizeiras” desde muito cedo. O caminho pra roça ou pra casa era sempre enfeitado com tantas árvores que os olhos nem cabiam em si de alegria. Como parte da vida, as cores, flores, folhas das árvores do cerrado simbolizam as diferenças entre nós. Diferenças entre os tempos e o ser. Ah!… e esta conversa puxa lembranças…
Nós nos divertíamos muito em cima do cajueiro amarelo – a nossa árvore da família. Cajus deliciosos e mangas rosas do quintal vizinho, amoras, umbus e carambolas estão sempre registrados nos nossos bordados. O gosto de bordar se mistura com o gosto da fruta madura, do velho tamboril da praça que nasceu no meio da rua!
A representação do vivido no quintal da nossa casa se mistura às lembranças de outros quintais, e alguns detalhes importantes da nossa história de “gente das Gerais” ficaram registrados nas cores fortes da cor meio abóbora meio laranja na nossa Árvore da Vida: papai tinha por gosto contar causos, caçadas e a pescaria.
Criava no telhado da casa uma cobra que dizia sua amiga que de tão amiga era inofensiva; mamãe, a “verdadeira onça pintada”, representada com o livro bordado nas mãos, a nossa mestra primeira. Na copa das árvores os oito filhos.
A esses meninos foram entregues fios e meadas coloridas, e cada um a seu tempo foi sendo bordado sobre e sob a sombra do cajueiro ou da lamparina que alumiava e brincava de esconder.
As sombras desenhavam novos contornos com a luz das Minas e dos Gerais, onde a chuva se abriga também no colo das árvores do cerrado e vai para as funduras da terra. São as nossas árvores de vida inteira que incessantemente bordamos para celebrar o ciclo da vida.
…E me lembro que “as árvores são as mães e as filhas das águas” como disse minha amiga Verinha Catalão – e se assim é, elas são também mães das gentes e das nossas esperanças. E a propósito de maternidades, viva a Mãe nossa, a Natureza a nos inspirar! Ave, Ave todas as mães da vida nossa!
Brasília, 09/07/2018.
Adoro borda. Quando eu tinha uns 6 anos quis bordar, tinha umas moedas, achei q/ podia comprar muitas linhas. Queria fazer meu primeiro bordado. Não deu as moedas só deu uma meada. Então desfiei minha saia xadrez e fiz meu primeiro bordado.
Lembro bem ” foi um caminho cheio de flores e uma casinha com uma porta, um chaminé saindo fumaça.
Hoje com 83 anos ainda bordo muito com diferentes tipos de linha e tecido. Amo bordar!
Me encanto com os bordados de vocês.
Trabalhos artísticos muito bonitos!
Bonito demais!
O bordado é tão perfeito, que mais parece pintura.
Bordar é transferir sentimentos transformando-os em realidade
Fiquei apaixonada, nao parece bordado sim patece pintura coisa Divina.
Lindo demais…
Cada bordado uma obra divina.