Bordados são EnCantos do Saber ancestral. Encantos que sobreviveram ao longo dos tempos, na memória ou “nos guardados” das mulheres. Nestes cantinhos a gente reencontra fios e linhas, riscos pra brincar de bordar a atualidade da vida.
Nos últimos anos, tem crescido a quantidade de pessoas que desejam expressar-se por meio da arte, desde a personalização de suas roupas, peças utilitárias até a decoração da casa. E uma das formas mais populares de fazer isso é por meio da linguagem do bordado.
A manualidade do bordado em seu processo criativo é linguagem, onde se escreve com agulhas, linhas e liberdade. Processo que traz muitos benefícios e possibilita o crescimento pessoal, porque organiza internamente, permite “um estar consigo”, a reaproximação com a emoção e a sensibilidade. Essa técnica possui desafios, tais como o tempo, dificuldades para escolha e aquisição do material, preconceitos relacionados ao “certo e errado”, ao medo de arriscar-se.
O bordado à máquina tem a seu favor o tempo curto de desenvolvimento da peça, mas é pouco flexível quanto à criação e movimentos, pois geralmente são riscos que apresentam repetição. Já o bordado à máquina digital possibilita maior agilidade do que as duas técnicas anteriores, devido ao uso de “matrizes”, mas é pouco flexível no processo criativo, as máquinas são caras, e a pessoa que borda não pode fugir dos padrões previstos.
Mas independente de ser à mão ou à máquina, o bordado permite que as pessoas adicionem um toque pessoal a itens comuns, transformando-os em peças únicas e cheias de personalidade. Mas com tantas opções disponíveis, como escolher entre bordado à mão, bordado à máquina e bordado digital? Neste artigo, vamos explorar as diferenças entre eles e ajudá-la(o) a escolher qual a melhor opção para suas necessidades e preferências, para que você possa começar a criar peças únicas e cheias de personalidade.
O contexto histórico, a mecanização e as principais diferenças entre as técnicas do bordado
Passados entre gerações, de avós para netas, de mães para filhas, o bordado contemporâneo está nas galerias de arte, nos espaços de museus, nas praças. Está na força do cotidiano das pessoas de forma diferente: suavizando espaços domésticos, enfeitando as roupas da menina ou no vestido descontraído da moça e em joias.
Pela mão de mulheres e homens, o bordado e a vida transbordam alumbramentos, surpresas e significados em diferentes técnicas de bordado. O bordado manual por exemplo, é uma rica representação cultural e humana que pode ser observada em todas as sociedades até os dias de hoje.
No percurso da história de fios, linhas e tecidos a revolução Industrial trouxe os primeiros avanços tecnológicos como a mecanização dos sistemas de produção de mercadorias, e o que era feito à mão começou a mudar, inclusive a produção de fios e tecidos, fundamentais para o bordado, influenciado para sempre a partir daí, o bordado passou a ter mais possibilidades de escolhas na diversidade de cores e dos materiais.
Com a modernidade foi introduzido o bordado à máquina, com utilização de pedal, e mais recentemente surgiu o bordado digital, que é automatizado. A partir do avanço da tecnologia o bordado à máquina ocupou espaços e tornou-se uma opção popular para muitas bordadeiras. Com tantas opções disponíveis, pode ser difícil decidir qual é a melhor escolha para você. Quer saber as diferenças entre eles? Neste artigo, vamos explorar as diferenças entre o bordado à mão, à máquina e o bordado digital para ajudar você a escolher qual é a melhor opção de acordo com suas necessidades e preferências, seus objetivos diante da vida.
Mecanização do bordado – reinvenção do bordado à mão por meio de máquinas de pedal.
A mecanização do bordado é uma técnica que utiliza máquinas para auxiliar na criação de peças bordadas. As máquinas mais antigas eram acionadas por meio de pedal, permitindo um ritmo mais rápido e preciso de trabalho, sem, todavia, abrir a mão do controle dos movimentos e da criatividade da bordadeira sobre aquilo que está fazendo.
Existem registros que citam que a máquina de bordado foi invenção de um desconhecido operário francês em 1821; já a máquina de costura foi patenteada 30 anos depois pelo mecânico novaiorquino Isaac Merrit Singer. No Brasil a novidade chegou com a Singer em 1858, no Rio de Janeiro. As máquinas de costura e bordado despertaram o interesse e passaram a fazer parte da vida de costureiras e bordadeiras. A mecanização da costura e do bordado mudou a maneira de fazer roupas, de fazer o bordado impactando aspectos práticos da vida de mulheres que sobreviviam desse ofício. Até hoje podemos encontrar essas máquinas guardadas orgulhosamente entre gerações.
O bordado à máquina conheci ainda criança, quando voltava da escola e via d. Eurídice pela janela pedalando sua máquina. Ela era artista das cores e bordava paisagens, pessoas com emoção, e tinha absoluto controle sobre as voltas que o bastidor dava ao ritmo das pedaladas de sua Singer, assim como Elza, as duas tiravam o pezinho que protege a agulha para maior liberdade dos movimentos. Na minha cidade, outras mulheres praticavam o bordado à máquina, como Emília Neves, Nicinha, Astofina. Todas elas faziam seus bordados com delicada emoção, mas sem os movimentos possíveis hoje com o bordado livre.
De lá pra cá, aumentou o acesso a máquinas de bordar mais modernas, com mais flexibilidade durante o processo criativo. Acompanho os bordados à máquina de Dóris Suely Teixeira, que encanta com sua maravilhosa Arte Têxtil, usando a sua máquina Bernina para o Quilting.
O Demóstenes, meu irmão, também utiliza essa mesma máquina suíça para seu singular bordado à máquina de forma livre, com leveza e muitas vezes suporte ao bordado feito à mão que praticamos. Demóstenes mistura pontos aqui e acolá numa máquina igualmente livre e quando bem quer e os efeitos são surpreendentemente belos.
Existem muitos modelos de máquinas modernas para bordar no mercado, e são excelentes na arte Têxtil, permitem ariscar-se no bordado como prática livre. Mas lembre-se que é necessário seu espírito de liberdade junto. Todavia o preço desta máquina é pouco acessível, e a técnica demanda aprendizado muito especializado e diversidade de materiais, o que encarece o processo de bordar.
O bordado digital, automatizado e a produção de peças em série
O bordado automatizado foi introduzido por volta de 1980, com as “máquinas bordadeiras” eletrônicas, que utilizam softwares de criação e produção em grande escala. Esse modelo de “bordado digital”, utiliza matrizes e provavelmente surgiu para atender às demandas produção da vida moderna, principalmente, o ramo de confecção de peças de cama, mesa e banho, cortinas e vestuário. Essa demanda está atrelada a redução de custos e do tempo de entrega dos produtos ao mercado.
A técnica de bordado digital industrial é feita por meio de máquinas e equipamentos controlados por sistemas eletroeletrônicos, e não permite nenhuma intervenção do “operador de máquina”, como é definido o perfil da pessoa nesse sistema de produção de bordados.
Essa produção é feita em série, e a pessoa que opera a máquina não tem nenhum papel de criação no processo de bordar, diferente do fazer de uma bordadeira no ofício do bordado à máquina de antes de 1980 e da bordadeira praticante do bordado livre à mão.
A agilidade de produção é um ponto favorável para aquelas pessoas que desejam empreender com a visão voltada para o bordado para que atenda ramo de negócio das confecções e tenham recursos financeiros disponíveis. Lembre-se que essa escolha pode exigir uma máquina de bordar específica – seja digital ou não. Isso é especialmente importante para aqueles que têm demandas de produção em grande escala.
EnCantos do saber ancestral alinhados ao contemporâneo
Um bordado feito à mão dispensa palavras. Traduz emoções que uma máquina do bordado digital jamais conseguirá como por exemplo levar-nos às primeiras noções de cuidado ao redor do calor da fogueira, ao afeto da roupinha bordada para a criança que chega, aos tecidos mensageiros de histórias de hoje ou de um dia.
Talvez por isso mesmo, porque as mãos bordadeiras têm olhos que uma máquina não vê, surge uma revalorização das manualidades do século XX para cá. A procura por trabalhos manuais e pela qualidade do acabamento mostra-se, até hoje, uma tendência.
O bordado ancestral, à mão, vem resistindo nesse fiar dos tempos até o mundo contemporâneo. Existem inúmeras variações de técnicas, pontos, motivos e formas de aplicação de acordo com as diferentes culturas, até chegar aos nossos dias.
Esta arte milenar com agulha e linha é mais que um passa tempo, pois contribui para mudanças internas na vida de quem borda, contribui para melhorar o equilíbrio emocional, aumentar a confiança, para a superação de dificuldades, para a promoção da saúde e qualidade de vida. Essa dimensão subjetiva da promoção da saúde importa muito na discussão sobre qual técnica de bordado escolher.
Ao trazer a sensibilidade e a espiritualidade como experiência de liberdade na criação de uma peça tela bordada, muitos são os indizíveis e surpreendentes pontos e pespontos quando agulha rompe tramas e nos levam a manifestação dos sentimentos no pano. A inspiração e criação de um bordado livre inclui sonhar, brincar, fazer escolhas, olhar, sentir, fluir, ser.
Nesse artigo apresentamos três técnicas de bordado: bordado à mão, bordado à máquina e bordado à máquina automatizado, digital. Cada uma delas tem suas próprias características, desafios e facilidades que certamente estarão relacionadas ao seu jeito de ser e viver no mundo, às suas escolhas. Por exemplo, bordar à mão pode ser mais demorado, mas oferece maior liberdade criativa, benefícios para sua saúde a cada ponto, cada movimento.
Já a mecanização do bordado tem suas vantagens e eficiência em relação ao tempo. Se por um lado, as máquinas de bordar são capazes de produzir trabalhos de maneira mais rápida e maior capacidade de produção em um curto espaço de tempo, por outro lado, a mecanização do bordado apresenta grandes desafios, e o maior deles é que a máquina é menos flexível e não é um ser sensível com olhar e mãos humanas, mais difícil de personalizar e bordar com sua alma bordadeira.
Bordado à mão ou à máquina: comparando as opções
Vantagens | |
Bordado à mão | Bordado à máquina |
Menor custo para iniciar, pois precisa apenas de tecido, linha e agulha.
Zero custo com energia e manutenção de máquinas
Total liberdade na aplicabilidade de técnicas e diversidade de pontos
Maior diversidade de linhas
Melhora coordenação motora
Contribui para a Promoção da Saúde |
Maior velocidade para projetos com matrizes e movimentos repetidos
Melhor para quem deseja empreender com bordados sem muita personalização |
Ao concluir essa nossa conversa, sobre “Bordado à mão ou à máquina? Como escolher qual melhor para você” é preciso lembrar que os desafios do praticante do bordado atualmente são diferentes dos desafios de ontem, quando a pressa e exigências do mercado eram outras.
São pontos – ou alinhavos – ligados sutilmente no invisível porque vão desde a sua visão de mundo, dos sonhos, desejos e projetos a concretizar no seu tempo – e com quanto tempo há.
Assim, a escolha da técnica e uso de tecnologias têm suas vantagens e desafios, e está relacionada ao tipo de projeto, suas habilidades, ao seu tempo, desejos e preferências para que possa experienciar o bordar com emoção, leveza e liberdade. Bordar com um padrão de liberdade implica em correr o risco de manter-se livre.
Deixe a alma cantar, pintar e bordar!
Estou em uma fase de curtir criativamente o que faço, prefiro aprender a não ter medo de bordar livremente……
Tudo maravilhoso. Gostaria sim de aprender mais, descobrir coisas novas…
Eu quero muito aprender com vocês! ❤️
O bordado livre é inspirador e permite que você mergulhe no trabalho aquietando a menre e proporcionando slegria do produto alcançado, é mágico
Adoro bordado e arrisco algumas criações. Sou muito fã do trabalho de Matizez Dumont e espero aprender com vocês.