A dança da vida andam por aí ligadas ao mesmo movimento – movimento apaixonado de estar com inteireza na vida.
A vitrola comprada no Dedeco toca “mambo”, “rumba” ou bolero lero… lero… lero! No piso de tijolos da casa de Vó a dança é um hábito cheio de paixão da moçada alvoroçada. Pés descalços, ágeis como a alegria da chuva no telhado de telhas vãs somos muitos.
Tem momentos que danço de mãos entrelaçadas e posso sentir o aconchego. Outras vezes é quando a vida brinca de roda e ainda assim pode ser um dançar de mãos entrelaçadas.
Na festa às vezes danço sozinha, ao vento, e posso experimentar alegrias também. Rodopio no chão batido, na calçada da festa, nas pedras da praça – não importa. No viver e no bailar prefiro ser intensa, propensa às voltas e sempre em roda. Em cada roda e meia volta é a pirueta que escolho entre risadas.
Dançar, bordar e bailar com vontade de viver! oportunidades na ponta dos dedos ou na sola dos pés para sorver letra e música entrelinhas e passos nem sempre leves. A dança, essa belo conexão entre corpo em movimento e o todo me toma e me leva. Em abraços ou sozinha, a dois ou em grupo é sempre arrebatamento puxando as risadas, recriando os passos.
No baile da vida estão conectados os sutis fios e linhas – uns da vida outros da imaginação. As duas envolvem um movimento apaixonado e de entrega total. Assim como a dança requer a presença plena do corpo e da mente, a vida também nos convida a vivê-la com plenitude. Nessa integralidade a força, e o ritmo são todos eles seus, com a fluidez e a espontaneidade necessárias…
Isso é assunto pra continuar em outro dia.
Por hoje vou ficando por aqui, que a noite promete danças de estrelas cadentes e alinhamento de planetas. Olho pela janela do tempo e derrepente lembro da instigante frase, de pessoa desconhecida, às vezes atribuída Friedrich Nietzsche: “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.”
A frase é surpreendentemente bela e não importa mais de quem seja. Qualquer que seja o ritmo, olho em volta e… dançar é preciso!
Brasília, 04 de julho de 2024
É fascinante ler Marilu e ver o escrito bordado.