Transborde Livremente e Deixa a Alma Cantar…

“Se os grilos cantam de noite e os pássaros, ao alvorecer, é que têm suas razões. Descobre também as tuas e deixa a alma cantar!”

Hermógenes

Obra Libertad. Grupo Matizes Dumont.

Oi, gente amiga que borda e transborda! 

As linhas de hoje são palavras de Hermógenes, o grande professor brasileiro de Hatha Yoga. Simples, belas e profundas…como linhas que, ainda soltas e separadas, escondem o lindo bordado que surge depois de reunidas e trabalhadas! 

A liberdade de deixar a alma cantar como um bordado que insiste em não terminar, sedento de mais um ponto aqui e ali. 

Deixa a Alma Cantar as Belezas do Bordado.

Bordado Sobre Vestuário.

Por que os grilos anunciam o anoitecer e cabe aos pássaros a tarefa de cantar a chegada do dia? Nada é por acaso e eles têm razões que nossa razão desconhece. E nós? Qual o sentido de estarmos aqui? Eis uma das ‘questões eternas’, provocadoras de respostas grávidas de outras respostas. Tipo da pergunta que, quando ousamos responder e pôr ponto final, vêm mais dois pontinhos pra abrir a resposta outra vez… Como um bordado que insiste em não terminar, sedento de mais um ponto aqui e ali. 

A imagem de hoje é uma música bordada, como toda a produção Matizes Dumont. Tivemos o privilégio, desde crianças, de ter a liberdade de deixar nossa alma cantar. Ouvíamos nossa mãe cantarolar enquanto bordava ou tecia afazeres domésticos. Linha, agulha e imaginação sempre foram os ingredientes que nos permitiram dançar livremente sobre o pano, bem antes do unicórnio ganhar status em Hollywood.  

Detalhe de Unicórnio na obra Libertad

 “Quem canta os males espanta”. É verdade, mesmo que seja um canto triste, ao ser cantado, a tristeza esmaece, como um azul anil que se desmancha entre linhas até virar nuvem branquinha…o vento  traz, o vento leva! O importante é deixar a alma cantar… 

A importância de pôr na roda o que temos de mais nosso 

Acho que nós, humanos, sempre brincamos com a magia da voz que se articula para dançar com melodia e ritmo. O escritor russo Leon Tolstoi deixou uma célebre frase, muito usada pra destacar que a essência humana é plena de diversidades. Ele dizia: “se queres ser universal, comece por pintar a sua aldeia”.  

Eu digo: deixa a alma cantar, se queres ser universal. Na ciranda global em que vivemos hoje, onde existe uma forte pressão para sermos padronizados na mesma caixinha pré-estabelecida, o que podemos oferecer para enriquecer o caldo é pôr na roda o que temos de mais nosso, de mais brasileiro e, em nosso caso, de mais piraporense.  

Dance em Roda e Deixa a Alma Cantar

Dança em Roda ocorrida durante 2° Encontro do Bordado Brasileiro.

Cada um de nós canta sua alma com seu jeito próprio de bordar. 

Nosso Grupo e benquerença pelas linhas, letras e agulhas foi se  ampliando e transborda quando decidimos no fluir da vida, devolver o bordado que aprendemos com a mãe ao mundo e a milhares mulheres e homens.  

Escrevo igual quando bordo…pensamento voa…aí caiu a ficha…ops…a linha! Cada um do Grupo canta sua alma com seu jeito próprio de bordar. Para bordar rostos, mãos e braços…é no meu colo que o pano cai. Brincadeiras em azuis também são comigo. 

Para os traçados, é pra mão de Demóstenes que o pano vai. Ele também desafia os cinzas com escarlate. Sávia e Martha e Ângela bordam com a força do sol e das cores do amanhecer. Todos temos um movimento a imprimir nas linhas da imaginação. 

Família Dumont Deixa a Alma Cantar para Criar suas Obras

Família Dumont

Pra ver se tá bonito ou se pode melhorar, a gente afasta pra ver de longe…como tudo na vida, não é mesmo? O importante é deixar a alma cantar… 

assinatura Marilu Dumont

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1 Comentário

  1. Vera Regina

    As obras da família Dumont são puro êxtase aos meus olhos.

    Responder

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