Ações tão antigas, a arte milenar do bordado e da tecelagem estão nas representações do nosso cotidiano, na nossa linguagem. Encontram-se nas metáforas do bordado livre as tramas que puxam o fio da memória.
Por meio do bordado é possível entrelaçar sentidos, alinhar e desalinhar encontros, bordar e desbordar dores e amores, fiar e desfiar o que se tece, tramar novas tessituras e transbordar de alegria e paixão.
O bordado livre é uma técnica que permite a criação guiada pela liberdade, emoção e poesia, registros simbólicos, sem a necessidade de seguir padrões pré-definidos. Assim, o bordado livre pode ser uma forma de expressar a individualidade e a criatividade de cada bordadeira(o).
Desconfiar, desbordar, desfiar o que se tece, borda e reborda tudo em novas tessituras?
Podemos entender o bordado como uma metáfora da vida, onde cada ponto representa um momento, uma experiência, uma emoção. Ao bordar, podemos (des)confiar do que já foi feito, (des)bordar e (des)fiar o que não nos agrada, rebordar novas tessituras criando algo novo e único.
E esse é o caminho, por onde pode-se (A)bordar o Ser, quando a gente pode confiar na vida, entrelaçar sentidos, desbordar dores, bordar amores. Estrada, via ou vereda para fortalecer o poder de resiliência, onde é possível fiar e desfiar o que se tece, tramar novas tessituras e transbordar.
Expressão e Transformação no Bordado
O bordar com alma e ousadia pode ser a arte que permite a expressão e criatividade de cada bordadeira, além de ser uma forma de desalinhar medos, entrelaçar sentidos e transbordar de vida. O bordado livre é uma técnica que permite a criação de bordados poéticos e expressivos, narrativas cheias de sentidos.
O bordado como uma metáfora da vida cheia de matizes, ponto de sombra, ponto confusão, ponto de ser, ponto de agora, pesponto, chavão e saltinho. Cada ponto representa um momento, uma experiência, uma emoção, e pode ser uma forma expansão da alma bordadeira.
E é nesse movimento de se expandir em flor de algodão ou do movimento ao puxar o fio da delicada seda pela pontinha do casulo é que bordadeiras e tecelãs, fiandeiras recomeçam a cardar fiar, bordar momentos vida a fora e transbordar de alegria e paixão.
Entendo o bordado livre como uma possibilidade de transformação, onde unimos as pontas dos fios onde sombra e luz são urdidura e trama, tecendo e bordando algo novo. Desafiador, mas é por meio de experiências como essas que podemos crescer e nos transformar em alguém mais luminoso.
…E unidas as pontas dos fios sombra é luz, urdume ou trama surge intensamente no tear o tecido mais forte e pano mais delicado para ser bordado um outro ser, sensível e amoroso!
23 de agosto de 2023,
Parabéns mais uma vez, que texto maravilhoso. Como Você me representa, na sua escrita.
Maravilhoso.