Bordar para mim é sempre um motivo de alegria e de aprendizados. Ao longo de minha vida como bordadeira, harmonia das cores sempre me cativou e vou sempre buscar as referências na natureza. E sigo curiosa nas formas e cores ao meu redor. Elas são um presente a cada olhar, a cada piscada de olho. E esse passeio do olhar é a fonte inesgotável para meu bordado.
Encontrar o equilíbrio entre as cores não é exclusividade de quem borda, mas de todos aqueles em cujos projetos incluam a cor. O processo de harmonização das cores no percurso do bordado passa necessariamente pela experiência da cor no cotidiano – do seu olhar com sensibilidade.
Um dos desafios na prática do bordado está justamente em escolher e harmonizar cores. Este pode ser em muitos casos o que faz com que uma pessoa desista de bordar. E se me perguntarem como eu faço na harmonização respondo num estalo: eu levo inicialmente as cores da natureza e da vida para minhas caixas de linhas.
Arrumo minhas caixas de linha a cada vez que começo a bordar. Daí surgem minhas paletas de cores.
Um conjunto de cores é dito
harmonioso quando o olhar
percorre e traz a experiência de
algo bom e belo de se ver. As
cores estão em harmonia quando
conversam entre si, provocando
movimento de emoções. Quando
nos comovem.
Harmonizar cores no bordado é como harmonizar cores em qualquer linguagem artística, mas tem também suas particularidades. Diferente da pintura, por exemplo, em que o artista tem liberdade para brincar misturando as cores para criar derivações, no caso do bordado o insumo do artista são as linhas que têm sua cor pré-definida, imutável. Cabe à bordadeira fazer suas descobertas e construir a partir delas as suas harmonias.
Cada pessoa tem a sua forma de ver a vida. Cada pessoa é um ponto desse bordado. Quanto mais diversidade de linhas e movimentos, cores, mais belo é o bordado, o seu bordado único. O importante é iniciar esta cumplicidade com o olhar, com a sensibilidade, com você mesma(o).
Comece hoje, comece já!
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