As obras de arte do Matizes Dumont são bordadas em diferentes tamanhos e materiais. São feitas de forma interativa pela mãe, quatro filhas e o filho, vivencia e cria o bordado livre e espontâneo. A criação de uma obra de arte utilizando o bordado livre tem momentos distintos e todos são igualmente importantes e de grande elaboração.
O Processo Criativo do Bordado
Desde a concepção dos desenhos pelo Demóstenes, à escolha do suporte até a finalização de uma tela espaços são recriados. Espaços aonde cada uma das bordadeiras coloca suas emoções, suas escolhas e arisca-se em criações espontâneas, cheias de movimento, texturas, volume, cor. A bordadeira Dumont, portanto, não preenche apenas os desenhos: ela recria, num rico momento de improvisação e espontaneidade.
O processo criativo de uma tela bordada inclui planejar, sonhar, brincar, fazer escolhas. Primeiro é a concepção e inspiração do seu “motivo”, ou risco que será bordado. Isto vai determinar a escolha do tecido, que é o campo aonde vai colocar suas emoções, escolhas e ariscar-se em criações que devem ser espontâneas.
Os tecidos integram a concepção, contribuem no movimento e são base para a emoção que se quer dar a uma criação. Escolher um pano é mais que escolher um suporte: ele será o campo cheio de sentidos e caminhos por onde as linhas vão brincar com agulha e imaginação. Estas, as linhas, são escolhas do coração que vão ser importantes para que os seus motivos idealizados possam ter brilho, intensidade, cor, movimento, texturas.
A Importância dos Pontos no Bordado
Os pontos que utilizamos hoje no nosso bordado livre, e que chamamos de “bordado a fio solto e malabares” são baseados no bordado clássico, com diferentes origens, e hoje reinventados, com outro ritmo: ponto matiz, ponto rococó, ponto areia, ponto folha, escama de peixe, confusão ponto corrente, ponto cheio, ponto folha, ponto haste, ponto atrás, carocinho, alinhavos e pespontos dentre outros. E entre nós, por exemplo, tem ainda outros que viram brincadeiras e surpreendem numa nova estética.
Ao longo da nossa bordação novos pontos foram surgindo e recebendo o nome da bordadeira. E os pontos que tia Vita e tia Mariângela bordavam nos vestidos das meninas também inspiraram os nossos “pontos malabares”! Esses pontos vigorosos foram base para a nossa reinvenção de técnica de bordar.
Pontos que cada uma de nós borda no seu tecido vida: ponto de ontem, ponto ainda, ponto adiante, ponto enigmático (que você nem sabe como ele surgiu), ponto de descobertas, ponto de cuia, ponto cura, pontos de Ser.
Ao criar um bordado muitos outros “pontos e pespontos” nos levam a manifestação dos sentimentos no pano, especial campo onde se cria e borda a vida. São os “motivos” que nos levam a bordar, as representações do cotidiano, a leitura da natureza, a observação da luz e sombra, do grafismo da natureza, essa “grande professora nossa”, como diz Ângela.
A liberdade de “bordar em cima do inesperado” nos possibilita desenvolver o que nós chamamos de bordado livre e espontâneo. A arte do Matizes Dumont é Espontânea em seu resultado, porque não está presa ao risco nem a convenções e utiliza técnica livre do “bordado a fio solto e malabares”.
Para o Grupo Matizes Dumont o bordado livre é uma forma não convencional de expressão-poético visual, caminho por onde buscamos estética própria ao bordar com alma e ousadia. Ao começar um novo bordado dizemos bem alto: que a linha da imaginação solta nos guie!
Eu amo bordar , estou há pouco tempo aprendendo, e espero que logo logo vou ser uma bordadeira como as que eu vejo e admiro.