“A arte é a linguagem natural da humanidade e representa um caminho de conhecimento da realidade humana”. Essa afirmação de Fayga Ostrower nos remete à nossa experiência com o bordado e a Promoção da Saúde em sua dimensão da subjetividade. A prática com o bordado livre nos faz acreditar que a arte é mesmo um caminho de superação e de transformações pessoais e coletivas.
Não é de hoje que o bordado apoia pessoas em situação de sofrimento em razão de transtornos psicológicos em todo o mundo. Ao longo dos anos de trabalho e escuta sensível do Grupo Matizes Dumont chegam relatos que comprovam a efetividade dessa prática na promoção da saúde mental. Segundo jornais como The New York Times e Folha de São Paulo, estudos desenvolvidos pelo médico cardiologista Herbert Benson – Prof. de Medicina Integrativa de Harvard, relacionam as práticas de ofícios que envolvam a manualidade com o bem-estar psicológico.
O Brasil é o segundo país das Américas com o maior número de pessoas depressivas, segundo a Organização Mundial da Saúde. São 5,8% da população que por diversas razões adquiriram depressão com o passar dos anos.
O processo saúde-doença relacionado a esses transtornos acima é complexo e tem muitas causas e combinações, que vão desde fatores genéticos, ambientais, psicossociais até a constituição do sujeito enquanto pessoa inserida em uma sociedade com diferentes valores e fontes de pressão sobre ele.
Esse mesmo sujeito muitas vezes é impactado com a produção em série, padronização do trabalho, com a complexidade do mundo – mundo das informações instantâneas. Viver em meio a esse conjunto de situações pode afetar as relações consigo mesmo e com o outro e carece que se adote estratégias para a superação dos desafios ou até mesmo para conviver com um transtorno vida-a-fora. Na atualidade e em tempos de pandemia todos nós precisamos encontrar caminhos para nos aproximarmos da beleza, da vida saudável, da alegria nas pequenas coisas. Coisas que passam despercebidas e para as quais muitas vezes nem se presta atenção.
Cadê o tempo para apreciar o belo, para a expressão da criatividade, para o fazer com as próprias mãos? Nos distanciamos das pequenas coisas simples que nos trazem felicidade. E estamos mais abertos para descobrir o novo?
JÁ PENSOU QUE ESTE MOMENTO PEDE REFLEXÕES SOBRE A ARTE DE VIVER E O VIVER COM ARTE?
Nesse sentido é bom lembrar que a convivência com as diferentes expressões da arte pode trazer benefícios para cada um de nós. Traz emoção, leva a uma mudança de estado de espírito. Traz encantamento, arrebatamento.
A arte como catarse, como alívio emocional que sentimos quando apreciamos obras culturais ou ao praticarmos manualidades. Coisas a se pensar…
O BORDADO É UMA VIVÊNCIA ALTAMENTE PROMOTORA DE SAÚDE EM DIFERENTES DIMENSÕES
Podemos citar duas dimensões da Promoção da Saúde: dimensão física e a dimensão subjetiva, relacionadas a aspectos psicológicos.
Ao pensar sobre isso, lembramos que o crochê, o tricô, a tecelagem e o bordado no cotidiano brasileiro foram utilizados por centenas de mulheres anônimas que dentro de casa o usavam como prendas domésticas ou para melhorar a renda.
Em alguns casos, provavelmente, elas recorriam a essa manualidade como “sobrevivência psicológica” diante da pressão da sociedade sobre a alma feminina, representada pelo círculo fechado do bastidor. Em diferentes momentos da cena brasileira mulheres e homens bordavam a sua história em situação de conflito, de dor, de busca de suas garantias de sobrevivência.
Além das bordadeiras desconhecidas e desvalorizadas, podemos encontrar na literatura referências de bordados do marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata que bordava no cárcere; Virgulino, o Lampião em cujo bando saber bordar era uma condição para subir de patente. Além deles, Arthur Bispo do Rosário e José Leonilson também utilizaram o bordado como caminho.
Do mesmo modo, após a Primeira Guerra Mundial muitos veteranos dos países que participaram do ocorrido tiveram várias sequelas. E para reduzir as consequências da Guerra o bordado foi a terapia alternativa utilizada para veteranos ex-combatentes na Austrália (Emily Brayshaw no Jornal The Guardian, 25 de abril de 2017, How embroidery therapy helped first world war veterans find a common thread)
Em sua dimensão física o bordado é capaz de trabalhar as articulações, estimular e exercitar o nosso cérebro.
Na dimensão subjetiva nos fortalece porque alivia as tensões, diminui o stress, cria espaço interno de acolhimento, serenidade, descobertas, foco, memória, o que se resume em alegria, disponibilidade para a vida.
OUTROS PONTOS DO BORDADO E DO CUIDADO QUE FAVORECEM A RESILIÊNCIA PARA DESFAZER OS NÓS DA DEPRESSÃO
- Desenvolver a manualidade, estimular a coordenação motora;
- Permitir que a criatividade e sensibilidade floresçam dentro de você;
- Tirar um tempo para si, para as coisas que fazem bem;
- Encontrar um refúgio para a correria do dia a dia;
- Libertar-se dos medos e das críticas (suas e dos outros)
- Quem sabe mudar algum aspecto no jeito como você sempre foi?
A ARTE COMO UM CAMINHO DE DESCOBERTAS, DE TRANSFORMAÇÕES E SAÚDE
Bordar não tem idade! Seja no trabalho, escola ou no período de aposentadoria, o bordado é uma das atividades mais indicadas na redução da ansiedade e no combate à depressão.
Apesar da imagem de que o bordado só é praticado por mulheres mais velhas, a realidade hoje é outra. Cada vez mais pessoas de todas as idades se interessam em bordar. São crianças, jovens e adultos, homens e mulheres que praticam o bordado seja como uma forma de lazer, de brincadeiras, seja como maneira de melhorar a renda doméstica, ou ocupando espaços nas galerias de arte.
Bordar é uma gratificante oportunidade para alegrias e descobertas. Além do aspecto lúdico, de sensação de bem-estar e conforto, possibilita expressar sentimentos e registrá-los com agulhas e linhas. Sejam eles de medo, de raiva, de tristeza, transmutar em movimentos de superação, de redescobrir-se criando novos recursos e melhorando a autoestima e confiança.
Nas Rodas de bordado – ou Bordando em roda utilizamos a Vivência psicopedagógica (A)Bordar o Ser, que promove escuta acolhedora, vínculo e integração – palavras-chave em qualquer processo terapêutico, e isso contribui muito para o atendimento de pessoas com ou sem transtornos psicológicos.
No desenvolvimento dessas rodas de bordado muitas participantes tinham sinais leves a moderados de depressão, ansiedade, e posteriormente relataram que o bordado contribuiu para significativa melhora. Isso porque o bordar traz alento e reorganização criativa nas circunstâncias vividas, e pode auxiliar as pessoas com traumas e outros transtornos psicológicos pela oportunidade de aproximação com o Ser sensível dentro de cada pessoa, o que contribui na busca da superação da dor.
SUGERIMOS QUE NO CASO DE DEPRESSÃO OU QUALQUER OUTRO SOFRIMENTO MENTAL PROCURE AJUDA MÉDICA E OU PSICOLÓGICA.
ENCONTRANDO ALGUMA DIFICULDADE PARA LOCALIZAR UM PROFISSIONAL BUSQUE AJUDA EM ALGUM SERVIÇO SOCIAL.
ALÉM DISSO LEMBRE-SE QUE O APOIO DOS AMIGOS É ALGO MUITO BOM PARA AJUDAR A ENCONTRAR SEUS CAMINHOS.
Esta nossa conversa aqui é também para convidar você para o desafio de arriscar-se, de tomar contato com o seu potencial criativo, para ampliar o conhecimento de si mesma por meio do bordado. Atividades como essas podem ser uma das suas práticas de cuidado, aliviar esse estresse desnecessário do dia a dia.
Pelo cuidado podemos cultivar um olhar amoroso a partir do nosso corpo, que é nossa primeira casa. Como disse o poeta TT Catalão “o meio ambiente começa no meio da gente”.
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Assino embaixo! Que texto maravilhoso sobre verdades escancaradas!!! Manualidades e melhor qualidade de vida, combinação perfeita. Pra mim fez tudo isto que foi falado e muito mais. Reabri para a vida a partir do Clube Matizes Dumont
Texto maravilhoso. Tem ciência, fatos, pensamento, criatividade e arte. É profundo. Vale a pena lê-lo. Parabéns.
Excelente artigo. Gostei demais. ♡
Achei um artigo muito bom conscientizador, de informação de qualidade, que vale a pena ser lindo e refletido.
Parabéns! Muito bem colocado. Com certeza o bordar é também um caminho libertador.
Obrigada.
Um abraço.
O trabalho de vcs é Luz
que ilumina nossas vidas.
Gratidão eterna.
Marilu, Marilu, queria te dar um abraço e ter um minuto de prosa com você! Ah! Como é bom ler seus artigos. Obrigada!
Com carinho,
Vanessa Camasmie.
Excelente artigo!
É encantador,ouvir o grupo Matizes Dumont ,a sua voz,a maneira como coloca o bordado,o artesanato, principalmente nesse momento de pandemia.
Esse texto em especial,me emocionou,e tenho muito a refletir. Uma alegria ter conhecido vocês,mesmo que de forma virtual. Obrigada por esse ensinamento.
Lindo texto,muito a refletir nas suas colocações. Me emocionou.
Parabéns D. Marilu
Meu carinho
Belo texto ,com certeza a arte de bordar abre a nossa mente.Sua fala me emocionou.Familia Dumont amo vocês.
Marilu, sinto que o pano de fundo do seu trabalho, do Matizes Dumont, é o amor. Pelas pessoas, pela natureza, pela beleza.
Bordar e ensinar a bordar nesta tessitura preciosa é uma jornada formidável, uma linda composição de vida.
Parabéns e gratidão.
Conheci o Bordado do grupo quando atravessava uma fase muito difícil. Milagres????? Não!!!!! Auto conhecimento, respeito, ” ver” as belezas,que passavam despercebidas, a roda de amigos que compartilham a vida e os bordados. As conversas do borde em casa, tudo nos leva a melhoria da Auto estima, serenidade e troca de experiências…..Amo muito tudo isso……Obrigada família Dumont…..
Que fala boa Marilu!
Essa do bando de Virgulino!
Abç bordado.
Lindo texto e lindas fotos
Bordado contemporâneo em tear uma arte antiquíssima
Como é bom saber que estamos no caminho certo para cuidar da nossa mente
Obrigada Matizes Dumont
Familia Dumont realmente voces sao “inspiradoras da vida “.
O bordando sua história , que ainda não acabei, está sendo sem dúvida um processo muito terapeutico . Nao imaginava a dimensão que este bordado está trazendo para a minha vida .
Também faço parte do Club e assisto as lives muito interessantes que mesclam o bordado com músicas, com pintura e muito mais .
O tema caçadores de beleza tb é muito inspirador . Obrigada por esta maravilhosa oportunidade.