Bordado reinventado, ancestralidade e o neo contemporâneo

Praticamos na nossa vida bordadeira o bordado neo contemporâneo como um retorno às fontes do saber ancestral – criação do novo a ponto a ponto, a todo dia, a toda volta que a linha dá brincando sobre o tecido-vida. 

A convivência com a ancestralidade do bordado clássico de mamães nos deu “régua e compasso” nas agulhas e linhas para seguir e fazer da arte de bordar uma linguagem para novas leituras. O bordado clássico pesponta nosso bordado atual, neo contemporâneo, quando acontece o reencontro de fios e linhas para bordar a atualidade da vida ou pespontar o imaginário. 

Fios – Foto Iphan -Ateliê Marilu Dumont

Abre a janela e caminho para o reencontro com o contador de histórias que vive em nós. Ressignifica valores éticos e estéticos em rumo à liberdade e do direito ao avesso, torna-se um meio de expressão que “dialoga com as raízes culturais e a herança ancestral, ao mesmo tempo em que reflete as preocupações e os valores da sociedade atual”. 

A essa prática do bordado livre pode-se chamar de expressão poético-afetiva. Nela é possível ressignificar o bordado clássico para ocupar o lugar da arte, um lugar de encontro, de formação de identidade, de descobertas, de novas leituras e registros da vida para ser o bordado neo contemporâneo comprometido com a paz e com os direitos fundamentais de todos os seres.  

Obra: Moça Entrebordada. Coleção:Mulheres - Sagrado Feminino

Obra: Moça Entrebordada. Coleção:Mulheres – Sagrado Feminino

Ao dar novo sentido ao bordado o fio transborda e cria a conexão íntima com as tradições culturais e memórias coletivas do vivido, da observação da natureza, da poesia, do lúdico da liberdade como inspiração. É quando você pode fazer um emocionado registro da vida brasileira, tem a linha da imaginação solta e imprevisível como uma estratégia para o bordado com arte, ousadia, sensibilidade. 

Obra: Moça Bordadeira. Coleção: Mulheres - Sagrado feminino

Obra: Moça Bordadeira. Coleção: Mulheres – Sagrado feminino

A prática do bordado livre é instigante convite a com(fiar) no seu poder de usar os erros a seu favor, a visitar o imprevisível. É desafio para transitar sobre a falta da beleza para revisitar o belo, exercitar o seu direito ao avesso.  

assinatura Marilu Dumont

 

Brasília, 17 de maio de 2024 

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4 Comentários

  1. Maria Adelina Albuquerque

    Simplesmente maravilhoso este trabalho!
    parabéns.
    Abraços.

    Responder
    • Maria da Graça de Sant'Ana Stalla

      Seja bem vinda a arte Neo Contemporânea!

      Maria Stalla

      Responder
  2. Maria Adelina Albuquerque

    Simplesmente maravilhoso este trabalho!
    parabéns.
    Abraços.

    Responder
  3. Lucia Cabete

    Simplesmente maravilhoso o trabalho de vocês!

    Responder

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